quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Equador avalia se pagará empréstimo de US$ 200 mi do Brasil, diz Correa

da Reuters
com France Presse

O presidente do Equador, Rafael Correa, disse nesta quarta-feira que ainda avalia se irá pagar o empréstimo de US$ 200 milhões realizado com o Brasil e vinculado à construtora Odebrecht, companhia expulsa do país ontem.

Correa, que tem preocupado investidores com ameaças de não pagar parte da dívida externa, afirmou ter revisto na terça-feira "diversas partes" das débitos estrangeiros do país.

Na terça-feira, o Equador expulsou a construtora Odebrecht do país, mandando tropas do Exército para confiscar e embargar projetos da empresa brasileira no valor de US$ 800 milhões.

Por meio de um decreto, Correa proibiu ainda que os funcionários da empresa deixem o país --Fábio Andreani Gandolfo, Fernando Bessa, Luiz Antonio Mameri e Eduardo Gedeon estão privados do direito de transitar livremente pelo território nacional.

A decisão de Correa, que está em campanha para convencer os equatorianos a votarem no próximo domingo a favor de uma nova Constituição Socialista, ocorre em meio à falta de acordo com a companhia para que o governo daquele país seja compensado por danos em uma central hidrelétrica, a San Francisco, inaugurada no ano passado. Entre as obras embargadas há ainda uma rodovia e um aeroporto.

"Já chega de abusos, não vamos aceitar que qualquer destas empresas internacionais venham enganar este país", afirmou ontem Rafael Correa. "Estou 'por aqui' com a Odebrecht, quanto mais cavo mais lama encontro (...) Estes senhores (da construtora) foram corruptos e corruptores, compraram funcionários do Estado. O que está sendo feito é um assalto ao país", afirmou.

Segundo o decreto presidencial, a Odebrecht "não cumpriu, eficientemente, seus trabalhos" no Equador e "se negou, de forma irresponsável, a indenizar (o Estado) pelos prejuízos".

No Brasil, o vice-presidente da companhia, Paulo Oliveira, afirmou que espera obter uma "solução negociada" para resolver o problema, destacando "grande preocupação" com a situação dos funcionários da Odebrecht no Equador. Segundo ele, a empresa mantém "seu compromisso" de reparar e deixar funcionando a hidrelétrica "o mais rapidamente possível".

À BBC Brasil, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse acreditar que o embargo do governo do Equador e a proibição de que funcionários da companhia saiam do país será "discutida e resolvida" nos próximos dias.

Amorim afirmou ainda que ter sido informado pelo embaixador brasileiro em Quito que dois diretores da Odebrecht já deixaram o Equador e outros dois estão refugiados na embaixada brasileira. "Não há uma ameaça física a eles e não há um mandado de prisão", explicou.

San Francisco, a segunda hidrelétrica equatoriana, cuja paralisação ameaça o abastecimento energético do país, parou de funcionar um ano depois de ser entregue, por problemas nas turbinas.

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