sábado, 6 de dezembro de 2008

Equador pode dar calote em toda a A. Latina (Gazeta Mercantil)

O presidente da construtora Odebrecht, Marcelo Odebrecht, afirmou ontem que, se o Equador deixar de pagar a dívida que tem com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o calote se estenderá para toda a América Latina — e, curiosamente, causará prejuízo ao próprio governo equatoriano. Fontes ligadas ao BNDES reafirmam que o empréstimo é protegido por um mecanismo de integração de bancos centrais do continente, mas não relatam quem assumiria o prejuízo no lugar da instituição: se caberia ao Tesouro Nacional ou se todos os países envolvidos arcariam com o prejuízo — tese do executivo da Odebrecht. Ontem, o governo equatoriano informou que estuda declarar moratória de um terço da dívida externa — equivalente a US$ 3,8 bilhões em bônus que vencem entre 2012 e 2030 — e se prepara para uma “luta internacional incrível” perante os credores. (págs. 1 e A12)

sábado, 22 de novembro de 2008

Com decisão inédita sob Lula, Itamaraty manda duro recado diplomático a Correa

IURI DANTAS
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Ao convocar um embaixador brasileiro para consultas pela primeira vez desde o início do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, o chanceler Celso Amorim enviou um recado diplomático claro ao governo de Rafael Correa: o contencioso do Equador com a Odebrecht ultrapassou os limites técnicos ao se transformar em ameaça de calote ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), foi contaminado politicamente, e isso é inaceitável.

Na linguagem diplomática, chamar o embaixador para consultas é uma ação que demonstra grave insatisfação com o outro governo. A convocação é um ato mais forte do que convidar o embaixador equatoriano no Brasil para esclarecimentos.

Em março, por exemplo, o Itamaraty convidou o embaixador espanhol em Brasília para uma reunião. Grosso modo, é como se o Brasil quisesse saber a explicação oficial da Espanha sobre os brasileiros barrados no aeroporto em Madri.

A convocação agora indica que o Brasil vai adotar uma nova postura nas relações com o Equador. O embaixador Antonino Marques Porto receberá instruções diretamente do chanceler sobre como agir daqui em diante.

"A convocação é a ação de praxe para demonstrar o descontentamento, uma forma de expressar de modo respeitoso uma grave insatisfação", disse Virgílio Arraes, professor da Universidade de Brasília.

Dependendo da escalada do contencioso, o Itamaraty vai decidir se é o caso do embaixador voltar ou não a Quito. A convocação permanente do embaixador representa o primeiro passo para o rompimento de relações diplomáticas.

Segundo a Folha apurou, a convocação de Marques Porto foi uma resposta política às atitudes de Correa. O governo brasileiro até aceitava arbitragem entre a Odebrecht e Quito, mas o uso político da disputa por Correa foi determinante na resposta brasileira. Em Brasília, a ordem é interromper os contatos bilaterais em todos os temas e congelar os pedidos comerciais do Equador.

domingo, 28 de setembro de 2008

Nova Constituição do Equador é aprovada em referendo (boca-de-urna)

QUITO, 28 Set 2008 (AFP) - O projeto de Constituição do Equador, promovido pelo presidente Rafael Correa, teria sido aprovado em referendo realizado neste domingo, conseguindo entre 66,4% e 70% dos votos, segundo duas pesquisas de boca-de-urna de institutos privados, divulgadas pela TV, ao término da votação.

Se forem confirmados, esses resultados significarão a quarta vitória eleitoral consecutiva para Correa, desde que chegou ao cargo, em novembro de 2006.

De acordo com a pesquisa do Cedatos, o texto constitucional foi aprovado com 70% dos votos, enquanto que 25% votaram contra; 4%, nulo; e 1%, em branco.

Santiago Pérez Investigación y Estudios apurou que a nova Constituição obteve 66,4% de apoio, contra 25% de rejeição, 6,2% que anularam o voto, e 2,4% que deixaram em branco. Para ser aprovada, a Constituição precisa de metade mais um do total de votos, incluindo brancos e nulos.

Ainda segundo Santiago Pérez, o presidente foi vitorioso também em Guayaquil, a cidade mais próspera e povoada do país, onde temia o surgimento de "um foco de desestabilização e separatismo", como o que desafia seu aliado boliviano, Evo Morales, em Santa Cruz.

Em Guayaquil, Correa saudou a imprensa, elevando o polegar em sinal de vitória.

sábado, 27 de setembro de 2008

Odebrecht aceita acordo proposto pelo Equador

QUITO, 27 Set 2008 (AFP) - A construtora brasileira Odebrecht aceitou um acordo proposto pelo governo do Equador, para resolver o pleito que determinou o embargo de seus bens por se negar a pagar uma indenização, devido a falhas na construção de uma central hidrelétrica, anunciou o presidente Rafael Correa, neste sábado.

"Depois de uma tremenda sacudida, recebemos ontem o acordo, assinado unilateralmente", disse o presidente, com ironia.

Correa afirmou que a construtora aceitou "todas as exigências pedidas pelo governo", entre elas o reparo dos danos na central de San Francisco e o pagamento de uma milionária indenização.

"Agora, temos de analisar se permitimos que continue, ou não, no país, porque, por coincidência, tive uma reunião com a comissão auditora da dívida externa, e um dos empréstimos muito questionados é o da central San Francisco", acrescentou.

O presidente declarou que um crédito de cerca de 200 milhões de dólares concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar a obra foi entregue à Odebrecht, mas quem aparece como devedor é o Equador.
UOL

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Falar mal do Brasil em países pobres é positivo; ouça Eliane Cantanhêde

da Folha Online

A obra da hidrelétrica San Francisco, segunda maior usina do Equador, foi realizada pela empreiteira brasileira Odebrecht. Inaugurada há 14 meses, com financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), ela deixou de funcionar em junho, por causa do desabamento parcial de um túnel e do desgaste prematuro de rodas das turbinas.

As informações são de Eliane Cantanhêde, colunista da Folha e da Folha Online. Ouça outros podcasts com a participação da jornalista.

A colunista diz que o presidente do Equador, Rafael Correa, cansou de tentar negociar. Ele determinou o seqüestro de bens da companhia, a militarização dos canteiros de obras e proibiu a saída de quatro funcionários brasileiros do país.

Segundo Cantanhêde, deve-se pensar na politização do assunto, pois Rafael Correa está às vésperas de um plebiscito interno e é positivo falar mal do Brasil em países pobres da vizinhança.

De acordo com a jornalista, o governo Lula ficará quieto enquanto ocorre a votação e, depois, buscará um acordo.

"Não se espera que Lula bata e chute o pau da barraca como está fazendo Correa. Pelo contrário, vai agir como no caso da Bolívia. Vai negociar devagarzinho, cedendo daqui e dali, com a convicção de que o Brasil é o país mais poderoso e rico da região", afirma a colunista.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Sócios da Odebrecht rechaçaram acordo

A Construtora Noberto Odebrecht atribui sua expulsão do Equador ao fato de não ter convencido suas sócias na construção da usina San Francisco, Alstom e Va Tech, a assinar o acordo imposto pelo governo de Rafael Correa. Segundo empresa, o governo recusou-se a aceitar que entendimentos sobre a reparação da usina e ressarcimentos por conta da paralisação da geração de energia fossem feitos apenas pela Odebrecht, líder do consórcio que fez a obra.

"Nós nos dispusemos a aceitar o acordo, mas não podemos forçar nossos parceiros a assinar termos que não estavam nos contratos iniciais", disse Paulo Oliveira, vice-presidente da construtora.

Desde a tarde de ontem, a Odebrecht não voltou a negociar. A companhia espera que as conversas, agora, sejam conduzidas pelo governo brasileiro. A intenção de Brasília é evitar polêmicas com Correa, ao menos até o referendo de domingo. Nos bastidores, já recebeu indicações de que os financiamentos do BNDES serão honrados. Até o início da noite de ontem continuavam refugiados na embaixada brasileira, em Quito, o advogado Eduardo Gedeon e o diretor comercial Fernando Bessa e sua mulher. (págs. 1 e A9)

Valor Econômico - Sinopse Radiobrás

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Equador avalia se pagará empréstimo de US$ 200 mi do Brasil, diz Correa

da Reuters
com France Presse

O presidente do Equador, Rafael Correa, disse nesta quarta-feira que ainda avalia se irá pagar o empréstimo de US$ 200 milhões realizado com o Brasil e vinculado à construtora Odebrecht, companhia expulsa do país ontem.

Correa, que tem preocupado investidores com ameaças de não pagar parte da dívida externa, afirmou ter revisto na terça-feira "diversas partes" das débitos estrangeiros do país.

Na terça-feira, o Equador expulsou a construtora Odebrecht do país, mandando tropas do Exército para confiscar e embargar projetos da empresa brasileira no valor de US$ 800 milhões.

Por meio de um decreto, Correa proibiu ainda que os funcionários da empresa deixem o país --Fábio Andreani Gandolfo, Fernando Bessa, Luiz Antonio Mameri e Eduardo Gedeon estão privados do direito de transitar livremente pelo território nacional.

A decisão de Correa, que está em campanha para convencer os equatorianos a votarem no próximo domingo a favor de uma nova Constituição Socialista, ocorre em meio à falta de acordo com a companhia para que o governo daquele país seja compensado por danos em uma central hidrelétrica, a San Francisco, inaugurada no ano passado. Entre as obras embargadas há ainda uma rodovia e um aeroporto.

"Já chega de abusos, não vamos aceitar que qualquer destas empresas internacionais venham enganar este país", afirmou ontem Rafael Correa. "Estou 'por aqui' com a Odebrecht, quanto mais cavo mais lama encontro (...) Estes senhores (da construtora) foram corruptos e corruptores, compraram funcionários do Estado. O que está sendo feito é um assalto ao país", afirmou.

Segundo o decreto presidencial, a Odebrecht "não cumpriu, eficientemente, seus trabalhos" no Equador e "se negou, de forma irresponsável, a indenizar (o Estado) pelos prejuízos".

No Brasil, o vice-presidente da companhia, Paulo Oliveira, afirmou que espera obter uma "solução negociada" para resolver o problema, destacando "grande preocupação" com a situação dos funcionários da Odebrecht no Equador. Segundo ele, a empresa mantém "seu compromisso" de reparar e deixar funcionando a hidrelétrica "o mais rapidamente possível".

À BBC Brasil, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse acreditar que o embargo do governo do Equador e a proibição de que funcionários da companhia saiam do país será "discutida e resolvida" nos próximos dias.

Amorim afirmou ainda que ter sido informado pelo embaixador brasileiro em Quito que dois diretores da Odebrecht já deixaram o Equador e outros dois estão refugiados na embaixada brasileira. "Não há uma ameaça física a eles e não há um mandado de prisão", explicou.

San Francisco, a segunda hidrelétrica equatoriana, cuja paralisação ameaça o abastecimento energético do país, parou de funcionar um ano depois de ser entregue, por problemas nas turbinas.

domingo, 27 de julho de 2008

Para especialista, Equador não imita Venezuela e Bolívia na reforma constitucional

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A reforma constitucional do Equador, que foi aprovada em assembléia e pode se tornar a 20ª do país se ratificada em referendo popular, tem semelhanças em relação aos processos realizados nos últimos anos na Venezuela e na Bolívia, mas não segue o mesmo processo. É o que explica o professor de Ciência Política da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), Simón Pachano.

“O Equador é um país que se parece consigo mesmo”, disse Pachano à Agência Brasil. Segundo ele, o país tem mania de mudar a Carta Magna. “Sempre que há problemas, crê-se que podem ser resolvidos reformando a Constituição”.

Por isso, ele afirma que, ainda que o novo texto tenha muitas semelhanças em relação às constituições boliviana e venezuelana, no Equador o processo segue o “mesmo modelo equatoriano seguido sempre”.

Uma das semelhanças reside na mudança no modelo econômico. “Se define um papel fundamental e central do Estado na economia, quer dizer, a economia deixa de ser de mercado, inclusive explicitamente [os constituintes] disseram assim, e a substitui por uma economia solidária”, explicou.

O presidente Rafael Corrêa já havia afirmado que o novo texto deve deixar a sociedade equatoriana mais justa. No entanto, para Simón Pachano, a intenção até pode ter sido essa, “mas vai depender muito das políticas públicas, da gestão política". "Me parece que o que se espera é um modelo de economia que busca dar mais força ao Estado, que coloca o planejamento estatal em um lugar central, definindo todo o resto da economia”.

Outra semelhança em relação à constituição venezuelana é o aumento dos poderes presidenciais. Já em relação à boliviana, há pontos parecidos no que se chama de “o bem viver”, que é tomar como critérios de organização da sociedade e da economia os saberes dos povos nativos e uma relação harmoniosa com a natureza. O projeto de reforma da Bolívia, ainda não referendado pela população, a transforma num país "multiétnico", com mais autonomia para os povos indígenas.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

LDU é recebida com festa em Quito após título da Libertadores


Reuters
Urrutia e Bauza deixam aeronave em Quito com a taça da Copa Libertadores nas mãos
LDU FATURA TÍTULO NOS PÊNALTIS

Das agências internacionais
Em Quito (EQU)

Como não poderia ser diferente, os jogadores da LDU tiveram uma recepção calorosa em sua chegada à capital equatoriana. O elenco campeão da Libertadores chegou nesta quinta-feira à noite em Quito e foi recebido com muita festa após a vitória nos pênaltis sobre o Fluminense da última quarta-feira, no Maracanã.


Após a aeronave do time pousar na base da Força Aérea Equatoriana, dezenas de pessoas romperam o cordão de segurança para se aproximar de Edgardo Bauza e Urrutia, primeiros a descer do avião com o troféu.

"O título prova que o Equador cresceu futebolisticamente. O triunfo é do país e não da LDU", salientou Delgado cercado por fãs. "Estamos contentes e desfrutando a vitória", agregou o atacante Bolaños.

Animada, a torcida se mostrou eufórica com a chegada dos jogadores da LDU. "É porque sempre vimos a Copa Libertadores pela televisão. Até que enfim temos a taça na nossa frente. Já tinha passado a hora de a equipe ganhar", justificou um dos torcedores.

O pouso da aeronave com os jogadores atrasou mais do que o esperado pela torcida, mas não diminuiu a animação das centenas de pessoas que compareceram à base para receber o time.

Neste fim de semana, a LDU festejará novamente a conquista e dará uma volta olímpica em seu estádio (Casa Blanca), depois de enfrentar o Emelec pelo campeonato nacional.

UOL NOTÍCIAS

segunda-feira, 3 de março de 2008

Equador rompe relações diplomáticas com a Colômbia



03/03/2008 - 19h11
Bogotá, 3 mar (EFE) - O Governo do presidente equatoriano, Rafael Correa, rompeu hoje as relações diplomáticas com a Colômbia, informaram porta-vozes da Chancelaria em Bogotá.

As relações entre os dois países entraram em crise por causa da operação militar colombiana em solo equatoriano, na qual morreu o porta-voz internacional e um dos líderes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), apelidado de "Raúl Reyes".

Equador acusa Colômbia de tentar desestabilizar a região

03/03/2008 - 19h01

QUITO, 3 Mar 2008 (AFP) - A Colômbia agiu deliberadamente contra o Equador para gerar instabilidade "política e militar na região" e agora trata de enganar a opinião pública internacional, disse nesta segunda-feira o vice-ministro da Defesa, Miguel Carvajal.

O funcionário chamou de engodo as denúncias de Bogotá que relacionam o Equador às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, após o ataque colombiano contra o território equatoriano que matou o número dois das Farc, Raúl Reyes.

Houve "uma atuação deliberada para provocar instabilidade política e militar na região. Isto é evidente e nós não vamos nos prestar, como país, a qualquer jogo que pretenda nos levar a um conflito", assinalou Carvajal.

O vice-ministro criticou ainda o governo do presidente colombiano, Alvaro Uribe, pelo anúncio de que levará às Nações Unidas e à OEA "revelações sobre as Farc e os governos de Equador e Venezuela".

"Isto é uma resposta vulgar (...) ao pedido equatoriano de uma intervenção internacional para encontrar mecanismos que garantam a segurança de nosso país em relação à Colômbia".

Em razão da incursão militar em seu território, Quito expulsou o embaixador colombiano e retirou o seu representante em Bogotá, enquanto Caracas fechou sua embaixada na Colômbia.

Os presidentes Hugo Chávez e Rafael Correa também ordenaram o envio de tropas para a fronteira com a Colômbia.