segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Equador e Bolívia são casos de sucesso em meio à crise global

Adivinhem qual país das Américas deve atingir o crescimento econômico mais rápido nesse ano? A Bolívia. O primeiro presidente indígena do país, Evo Morales, foi eleito em 2005 e assumiu o cargo em janeiro de 2006. Bolívia, o país mais pobre da América do Sul, seguiu os acordos com o FMI [Fundo Monetário Internacional] por 20 anos consecutivos e sua renda per-capita ao final desde período era mais baixa do que 27 anos antes. E o Equador tem atingido saudáveis 4,5% de crescimento durante os dois primeiros anos da presidência de Correa. O artigo é de Mark Weisbrot, do The Guardian.

Texto em português publicado no Correio Internacional

De acordo com a sabedoria convencional transmitida diariamente na imprensa econômica, os países em desenvolvimento deveriam se desdobrar para agradar as corporações multinacionais, seguir a política macroeconômica neoliberal e fazer o máximo para atingir um grau de investimento elevado e, assim, atrair capital estrangeiro.

Adivinhem qual país das Américas deve atingir o crescimento econômico mais rápido nesse ano? A Bolívia. O primeiro presidente indígena do país, Evo Morales, foi eleito em 2005 e assumiu o cargo em janeiro de 2006. Bolívia, o país mais pobre da América do Sul, seguiu os acordos com o FMI [Fundo Monetário Internacional] por 20 anos consecutivos e sua renda per-capita ao final desde período era mais baixa do que 27 anos antes.

Evo descartou o FMI apenas três meses depois de assumir a presidência e então nacionalizou a indústria de hidrocarbonetos (especialmente gás natural). Não é preciso dizer que isso não agradou a comunidade corporativa internacional. Também foi mal vista a decisão do país de se retirar do painel de arbitragem internacional do Banco Mundial em maio de 2007, cujas decisões tinham tendência a favorecer as corporações internacionais em detrimento dos governos.

A nacionalização e os crescentes lucros advindos dos royalties dos hidrocarbonetos, no entanto, têm rendido ao governo boliviano bilhões de dólares em receita adicional (o PIB total da Bolívia é de apenas 16,6 bilhões de dólares, para uma população de 10 milhões de habitantes). Essas rendas têm sido úteis para a promoção do desenvolvimento pelo governo, e especialmente para manter o crescimento durante a crise. O investimento público cresceu de 6,3% do PIB em 2005 para 10,5% em 2009.

O crescimento da Bolívia em meio à crise mundial é ainda mais notável, já que o país foi atingido em cheio pela queda de seus preços dos produtos de exportação mais importantes – gás natural e minerais – e também por uma perda de espaço no mercado estadunidense. A administração Bush cortou as preferências comerciais da Bolívia, que eram concedidas dentro do Pacto Andino de Promoção do Comércio e Erradicação das Drogas [ATPDA, na sigla em inglês], supostamente para punir a Bolívia por sua insuficiente cooperação na “guerra contra as drogas”.

Na realidade, foi muito mais complicado: a Bolívia expulsou o embaixador estadunidense por causa de evidências do apoio dado pelo governo estadunidense à oposição ao governo de Morales; a revogação do ATPDA aconteceu logo em seguida. De qualquer maneira, a administração Obama ainda não mudou com relação à política da administração Bush para a Bolívia. Mas a Bolívia já provou que pode se virar muito bem sem a cooperação de Washington.

O presidente de esquerda do Equador, Rafael Correa, é um economista que, muito antes de ser eleito em dezembro de 2006, entendeu e escreveu a respeito das limitações do dogma econômico neoliberal. Ele tomou posse em 2007 e estabeleceu um tribunal internacional para examinar a legitimidade da dívida do país. Em novembro de 2008 a comissão constatou que parte da dívida não foi legalmente contratada, e em dezembro Correa anunciou que o governo não pagaria cerca de 3,2 bilhões de dólares da sua dívida internacional.

Ele foi tiranizado na imprensa econômica, mas a operação foi bem sucedida. O Equador cancelou um terço da sua dívida externa declarando moratória e reembolsando os credores a uma taxa de 35 centavos por dólar. A avaliação para o crédito internacional do país continua baixa, mas não mais do que antes da eleição de Correa, e até subiu um pouco depois que a operação foi completada.

O governo de Correa também causou a fúria dos investidores estrangeiros ao renegociar seus acordos com empresas estrangeiras de petróleo para captar uma parte maior dos lucros com a alta dos preços do petróleo. E Correa resistiu à pressão feita pela petrolífera Chevron e seus poderosos aliados em Washington para retirar seu apoio a um processo contra a empresa por supostamente poluir águas subterrâneas, com danos que poderiam exceder 27 bilhões de dólares.

Como o Equador está se saindo? O crescimento tem atingido saudáveis 4,5% durante os dois primeiros anos da presidência de Correa. E o governo tem garantido a redistribuição da renda: gastos com saúde em relação ao PIB dobraram e gastos sociais em geral têm sido expandidos consideravelmente de 4,5% para 8,3% do PIB em dois anos. Isso inclui a duplicação do programa de transferência de renda às famílias pobres, um aumento de 474 milhões de dólares em despesas de habitação, e outros programas para famílias de baixa renda.

O Equador foi atingido fortemente por uma queda de 77% no preço das suas exportações de petróleo de junho de 2008 até fevereiro de 2009, assim como pelo declínio das remessas de capital provenientes do exterior. Apesar disso, o país superou as adversidades muito bem. Outras políticas heterodoxas, juntamente com a moratória da dívida externa, têm ajudado o Equador a estimular sua economia sem esgotar suas reservas.

A moeda do Equador é o dólar estadunidense, o que descarta a possibilidade de políticas cambiais e monetárias para esforços contra-cíclicos numa recessão – uma deficiência relevante. Em vez disso, o Equador foi capaz de fazer acordos com a China para um pagamento adiantado de 1 bilhão de dólares por petróleo e mais 1 bilhão de empréstimo.

O governo também começou a exigir dos bancos equatorianos que repatriassem algumas de suas reservas mantidas no exterior, esperando trazer de volta 1,2 bilhões e tem começado a repatriar 2,5 bilhões das reservas estrangeiras do banco central para financiar outro grande pacote de estímulo econômico.

O crescimento do Equador provavelmente será de 1% esse ano, o que é muito bom em relação à maior parte de seu hemisfério. O México, por exemplo, no outro lado do espectro, tem projetado um declínio de 7,5% no seu PIB em 2009.

A maior parte dos relatórios e até análises quase-acadêmicas da Bolívia e do Equador dizem que eles são vítimas de governos populistas, socialistas e “anti-americanos” – alinhados com a Venezuela de Hugo Chávez e Cuba, é claro – e estão no caminho da ruína. É claro que ambos os países ainda têm muitos desafios pela frente, dos quais o mais importante será a implementação de estratégias econômicas que diversifiquem e desenvolvam suas economias no longo prazo. Mas eles começaram bem, dedicando à ordem econômica e política externa convencionais – na Europa e nos Estados Unidos – o respeito que ela merece.

Tradução: Raquel Tebaldi/Correio Internacional

sábado, 1 de agosto de 2009

Presidente do Equador diz que pode ter mesmo destino de Zelaya

QUITO (Reuters) - O presidente do Equador, Rafael Correa, disse neste sábado poderia ter o mesmo destino do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, em meio a uma investida da mídia internacional e local que visa a desestabilizar seu governo.

Correa, que assumirá um novo mandato de quatro anos no dia 10 de agosto, enfrentou nas últimas semanas novas acusações, reveladas em um vídeo e um diário de líderes guerrilheiros, a respeito de supostos vínculos com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para financiamento da campanha que o levou ao poder.

"Temos alguns estudos de inteligência que dizem, inclusive, que depois de Zelaya o próximo sou eu, por determinadas condições do país, que querem desestabilizar", afirmou o presidente do Equador em um relatório semanal.

"É uma orquestração internacional que visa prejudicar o governo", acrescentou Correa.

O presidente equatoriano não forneceu mais detalhes sobre os estudos de inteligência e nem as medidas que adotaria para evitar tal desestabilização.

Correa conseguiu aprovar no ano passado uma nova Constituição socialista que autoriza a reeleição imediata do presidente e maior controle estatal na economia.

A declaração dele coincide com a apresentação de um vídeo na Colômbia, em que aparece o líder das Farc, Jorge Briceño, ou "Mono Jojoy", dizendo que entregou ajuda a sua campanha presidencial em 2006.

A Colômbia e o Equador mantêm suspensas as relações diplomáticas desde março de 2008, após uma incursão militar e, desde então, tem havido uma série de acusações entre os dois governos.

(Reportagem de Alexandra Valencia)
UOL Celular

terça-feira, 28 de abril de 2009

Correa destaca importância do Brasil para A.Latina

Madri, 28 abr (EFE).- O presidente do Equador, Rafael Correa, reeleito no último domingo, destacou a importância da postura de liderança do Brasil na América Latina.

"Não há dúvidas (sobre a liderança). Ninguém pode duvidar da importância do Brasil. É uma das 10 economias maiores do mundo e, por isso, adota essa liderança", afirmou em entrevista ao jornal espanhol "El País".

Correa disse ainda que a postura do Brasil na América sempre foi de respeito com os outros países da região.

"Sempre houve o mais profundo respeito para os demais países da América Latina. Sempre houve isso por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva", disse.

Além disso, o presidente equatoriano negou a existência de um "eixo" entre Venezuela, Bolívia e seu país, e propôs a criação de um Banco do Sul que respalde as moedas nacionais e seja financiado com fundos da região.

Correa assegurou ainda que o Equador tem excelentes relações com todos os países.

"Provavelmente viajei mais vezes ao Brasil do que à Venezuela. Viajei muitas mais vezes à Argentina. Não vejo nada de errado em existir um eixo como dizem, mas claramente não existe nenhum", afirmou.

O líder equatoriano também se referiu à conjuntura financeira regional e propôs a criação de "um fundo de reservas do Sul que sirva para respaldar as moedas nacionais, as crises de balanças de pagamento, e as crises fiscais".
UOL

domingo, 26 de abril de 2009

Começam as eleições no Equador; presidente é favorito

da Folha Online

As eleições gerais do Equador, que podem dar mais um mandato ao presidente Rafael Correa, até 2013, começaram às 9h deste domingo (horário de Brasília), com uma cerimônia de inauguração do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), em Quito.

Mais de 10 milhões de equatorianos estão habilitados para ir às urnas e escolher o presidente da República, legisladores da Assembleia Nacional, prefeitos, governadores regionais provinciais e vereadores municipais.

Segundo uma pesquisa de intenção de voto feita pela empresa Market, Correa lidera o pleito com 51,7% dos votos válidos, contra 27,3% de seu principal concorrente, o ex-presidente Lúcio Gutiérrez.

Se a votação confirmar estes resultados, Correa não precisaria de um segundo turno e seria ratificado no cargo para um período de quatro anos. A pesquisa foi feita entre sexta-feira (24) e ontem.

A lei equatoriana estabelece que um candidato a presidente ganha o pleito se alcançar pelo menos a metade mais um dos votos válidos ou se atingir 40% e uma vantagem de 10 pontos percentuais sobre o segundo. Se nenhum dos candidatos conseguir essas porcentagens, será realizado um segundo turno entre os dois mais votados, no próximo dia 14 de junho.

Contra o favoritismo do presidente, que é acusado por seus adversários de ter usado a máquina do Estado a seu favor durante a campanha, está o ex-presidente Lucio Gutiérrez, do partido Sociedade Democrática (nacionalista).

Deposto da Presidência em abril de 2005, depois de uma rebelião popular que deslegitimou seu governo, Gutiérrez adotou o lema de campanha 'Com Lúcio é mais barato'.

Entre outras promessas, o candidato disse que, se eleito, restabelecerá as relações diplomáticas com a Colômbia e firmará um acordo de livre comércio com os Estados Unidos.

Já o rico empresário bananeiro Álvaro Noboa, do partido Renovador Institucional de Ação Nacional (direita), que disputa pela quarta vez consecutiva a Presidência, prometeu usar sua influência como 'homem de negócios' para atrair novos investimentos ao país e, a seu ver, acabar com os problemas econômicos do Equador.

Com Efe, France Presse e BBC Brasil

Chávez diz que a "revolução" vai continuar no Equador

CARACAS, Venezuela, 26 Abr 2009 (AFP) - O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse que a "revolução no Equador continuará seu caminho", em ato público na noite de sábado, véspera das eleições que podem dar mais um mandato ao presidente Rafael Correa.

"Amanhã (domingo) o Equador vai realizar eleições e estaremos atentos, mas já podemos sentir no ar o que vai acontecer: a revolução no Equador seguirá seu caminho", destacou o presidente em ato público transmitido pelo canal estatal VTV.

UOL

domingo, 11 de janeiro de 2009

Equador paga dívida ao Brasil e embaixador brasileiro volta a Quito

da Folha Online

Atualizado às 00h28.

O governo brasileiro anunciou na noite de sábado que recebeu do Equador o valor referente às parcelas vencidas em dezembro do financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a construção da Hidrelétrica de San Francisco. Em nota, o Itamaraty informa que a quantia foi paga na quinta-feira passada (8).

Com o pagamento, o Embaixador do Brasil em Quito, Antonino Marques Porto, deverá retornar ao Equador no início da próxima semana. Ele retornou a Brasília a chamado do Ministro Celso Amorim para consultas, em 21 de novembro passado, em meio ao impasse causado após denúncias envolvendo a construção da hidrelétrica pela empreiteira brasileira Odebrecht.

Após a usina de San Francisco ser fechada por falhas estruturais, em junho, o Equador anunciou que recorreria à Câmara de Comércio Internacional (CCI) de Paris com o objetivo de não pagar o empréstimo de US$ 242,9 milhões contraído junto ao BNDES. O país buscava ajuda internacional para definir a legalidade da dívida.

O BNDES financiou a construção de uma hidrelétrica a cargo da Odebrecht que foi inaugurada no final de 2007.

A Odebrecht foi questionada pelo Equador quanto ao serviço prestado na construção e o presidente Rafael Correa expulsou a empresa do país. Em seguida, recorreu à Corte por suspeitas de irregularidades na execução da obra.

O ato irritou o Brasil e fez com que o embaixador brasileiro fosse retirado do país em novembro. Na ocasião, a então chanceler do Equador, María Isabel Salvador, criticou a decisão brasileira em resposta à medida equatoriana.

"Trata-se de um tema exclusivamente comercial e financeiro, não se trata de uma situação de um Estado contra outro. Por isso, ficamos tristes ao ver que um tema exclusivamente entre duas empresas tenha sido elevado a um nível diplomático", afirmou.

O presidente do Equador, Rafael Correa, disse que o Brasil quer transformar uma questão comercial em um impasse diplomático.

No fim de dezembro, o governo do Equador anunciou que havia pago uma parcela de US$ 28,1 milhões ao BNDES, com o qual mantém uma disputa comercial em uma corte internacional.

Segundo a nota, o governo brasileiro diz que "continuará a acompanhar com atenção a evolução de suas relações econômicas e financeiras com o Equador." O Ministério das Relações Exteriores brasileiro não revelou a quantia que foi paga pelo governo equatoriano.